quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Apenas um parágrafo

5 de Janeiro de 2008, Ilha do Sol-Ce,

O mais conflitante é sentar aqui para escrever memórias das quais tenho tido e não conseguir expressá-las, se antes as pessoas diziam que eu o fazia bem, hoje já nem mais sinto vontade de reler o que em alguns momentos tenho escrito, é terrível a sensação de ter vontade de passar para o papel o que tenho pensado e sonhado, com o objetivo não muito claro, tenho que enfatizar, mas com o pensamento meio atordoado não tenho conseguido, ainda não sei bem o que tem me bloqueado, mas acredito estar me distanciando cada vez mais da leitura por prazer e do ato de pegar a caneta e qualquer pedaço de papel com a intenção ou não de chegar a algum lugar, nessa folha já escrita, muito mal escrita, mas com vontade, antes não presente, tenho escrito sobre o hábito de sê-lo, me perturbo no ato, não sei bem o que fazer ou que regras seguir, faz um ano que não escrevo verdadeiros sentimentos de escrever, o bom dessas férias é isso, a vontade me retorna a ser o que eu era e me faz fazer balanços, sobre a vida, os sonhos, as vontades, o futuro próximo e sobre o último amor, este último tenho olhares conflituosos. Hora alegria, hora tristeza, alegria em ter me encontrado no aspecto de produção intelectual, aspecto estudantil, tristeza por ter me perdido em qualquer outro aspecto, tenho procurado me encontrar, as coisas tornam-se difíceis, (ouço risadas na sala) é difícil admitir que me sinto perdida e sozinha, talvez outro namorado diria, “ Muito bem! você já o primeiro passo” , prometi-me neste ano, não me embriagar com coisas que atrasem minha evolução, que retardem meu conhecimento ou minha saúde, pros médicos não estou doente! talvez por isso, volto a escrever, agora com os pés no chão, mas sem estar moldados por tantos parágrafos e ponto final, prefiro as vírgulas, sempre preferi. O bom de está aqui (usei um ponto) (aqui com o papel que me acompanha, agora escrito, outrora em branco) é que já não me sinto tão cheia de vazio, portanto, hoje e sempre cabe Caetano, “você pensa que eu tenho tudo, assim eu fico vazio”, não me lembro mais se é assim, mas se não agora sim, (alguém abriu a porta e perguntou o que eu estava fazendo, eu disse voando), (a janela depois da janela, bate na janela de dentro, deve ser o vento Aracati que está forte, meu pai sempre disse que as madeiras das janelas são pesadas), hoje foi um dia confuso, não gostam quando eles brigam, mas ele tem provocado, está me deixando triste quando ele a exclui, não gostaria ter que tomar partido, mas é que acho que fico mesmo do lado dela e isso me corrói (tomei partido), não porque fiquei do lado dela, mas porque não quero tomar partido, mas é que foi ela, sempre foi ela a minha companheira, foi à ela que contei meus segredos mais íntimos,os que ninguém nunca soube, só eu e ela, foi à ela que dediquei todo o meu amor, me corrói ela o amar tanto e ele ser grosseiro, ridículo e indelicado, me corrói a ver chorando na rede, eu sei que é por causa dele, me corrói ela o amar tanto e ele ter tanto extinto sacana, mas eu o amo tanto, mas me dói ele ser sacana, não só com ela, mas com ele mesmo, ele a ama também, talvez por se amarem tanto eles tenha soltado faíscas, me sinto no meio do amor e do ódio, (meu vocabulário regrediu, está bem menor, poucas palavras tenho usado), tive um momento mágico com ela hoje, tomamos banho juntas, passamos horas no banho, conversamos sobre coisas engraçadas, tiramos fotos e fomos felizes, nos trocamos e ficamos no quarto, ( tomamos banho no jardim), molhamos a casa inteira para chegar no quarto, o melhor é que gritamos todas as músicas no quarto, de qualquer jeito, do nosso jeito, até nossa mãe bater na porta, ela veio avisar que o jantar estava na mesa, (não sei se estou usando os tempos certos) , comemos e rimos, conversamos com as pessoas que aqui estavam, ouvi pontos de vista maravilhosos, com vontades e sonhos diferentes, o mais importante, sonhos que nos despertam sonhos, coisas do tipo que precisamos de um mundo melhor, não precisamos de dinheiro, não é isso que nos interessa, precisamos de leitura, cultura, aceitamos a vida, queremos ela como ela tem que ser, queremos diversão, filmes, arte, saúde, comida e principalmente informações verdadeiras, queremos muito mais que a televisão, somos melhores que ela, precisamos da música, precisamos de paz (minha mão escreve com velocidade). As palhetas do ventilador estão girando devagar e o céu está estrelado, não estou vendo, mas antes de entrar no banho ele estava lindo, vi as três marias, aliás, Maria é tão divina por ser única então por que três estrelas ganharam este nome? Engraçado eu não ia falar sobre isso ia falar do ventilador, lá fora o vento ta forte, mas está quente. Aqui no Ceará acho que não existem dias frios, então ligo o ar condicionado e o ventilador, é engraçado, não sei por que estou falando disso, não existe muita coerência nesse texto. Então olhei pro arranjo da mesa, eram rosas e lágrimas de cristo a s plantas que tinham lá, fiquei estourando as lágrimas como eu fazia em Maceió no jardim de lá de casa quando eu ainda era bem pequena, a conversa ficou mais interessante na mesa, fico muito entusiasmada com tudo o que tenho conversado nos últimos 15 dias, tenho me sentido mais útil e com energias melhores, reabastecendo alguma coisa, talvez o compartimento do lazer, o lazer que gosto de ter, não o que tenho tido, me sinto melhor agora!