segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Domingo de primavera

Que linda e honesta profissão ter! E como eu seria a única em Maceió, chegaria para as encomendas com uma clientela de fazer inveja para meus colegas doutores da Paraíba, dentro de suas mais diversas especialidades. Estaria muito bem e tranquila em meu consultório, quando de repente minha mãe aflitíssima me telefonaria: "minha filha, venha depressa que minhas orquídeas estão morrendo..." E eu partiria com minha maletinha, para auscultar o coração das orquídeas, aplicar-lhes a coramina das flores, fazer-lhes transfusão de seiva, RCP em seus coração, reavivar-lhes as cores, a fragância e a beleza. E mal chegado em casa já haveria milhões de recados das amigas preocupadíssimas com suas azaléias, seu rododendro, suas rosas e antúrios, e eu voltaria feliz e diria com orgulho ao meu Bem-amado: "Acho que consegui salvar as orquídeas da minha mãe" e o Bem-amado ficaria muito feliz e me daria um beijo. Eu daria também cosultas as flores pobres e todos nas ruas me sorririam e agradeceriam por Maceió ter mais flores, eu retribuiria e comprimentaria de volta com a circunspeção que deve ter uma médica das flores!
(Baseado em médico das flores)

domingo, 23 de agosto de 2009

Ansiedade (Para Samuel)

A chuva uma velha conhecida minha, de mãos pequenas, suave, importante para os momentos mágicos.
Naquela noite enquanto você fascinava-se com o cheiro dos meus cabelos lavados com shampoos diferentes, como o de costume, eu dançava em minha forma negra de expressar-me, muito mais me fascinava por Baleiro, suave como a chuva.
Descalça com os pés na lama, como já nem lembrava, gostei do seu jeito meio estranho, então havia traçado um laço, aquele jeito também me apavorava, confesso, da forma que olhava com olhos fixos em algum lugar distante que pudesse estar em meu horizonte.
Hoje em meu quarto escuro o telefone toca, por vezes seu nome, já cansada não me desperto ao ouvi-lo, mas de manhã, me pergunto o que poderia estás fazendo naquele momento, perdido em poemas, músicas, cigarros, insônia, fico curiosa para saber o que desejava, um poema novo eu já sei, um daqueles que me tocam o dia inteiro e me pergunto o que andas fazendo do teu talento? Adoro suas janelas, seu violão, mas meu caro vou lhe dar um conselho, de tanto ouvi-lo cheguei a essa conclusão:
"Pequena (o) Vênus ouça o que eu digo
Apenas ouça o teu coração
Não tenhas medo da solidão
Pois ela não te acontecerá!"
(Viajante sem rumo)