quinta-feira, 5 de junho de 2008

Anatomia

A anatomia tem como base o reconhecimento e estudo das estruturas e organização dos seres vivos. Foi através da dessecação, desvendado o tão complexo funcionamento humano.
Alcméon, na Grécia, lutando contra o tabu que envolvia o estudo do corpo humano, realizou pesquisas anatômicas já no século VI a.C. (por isso muitos o consideram o “pai” da anatomia). Entre 600 e 350 a.C. , Empédocles, Anaxágoras, Esculápio e Aristóteles também se dedicaram a dissecações. Foi, porém, no século IV a.C, com a escola Alexandrina, que a anatomia prática começou a progredir. Na época, destacou-se Herófilo, que, observando cadáveres humanos, classificou os nervos como sensitivos e motores, reconhecendo no cérebro a sede da inteligência e o centro do sistema nervoso. Escreveu três livros “Sobre a Anatomia”, que desapareceram. Seu contemporâneo Erasístrato descobriu que as veias e artérias convergem tanto para o coração quanto para o fígado.Galeno, nascido a 131 na Ásia Menor, onde provavelmente morreu em 201, aperfeiçoou seus estudos anatômicos em Alexandria. Durante toda a Idade Média, foi atribuída enorme autoridade a suas teoria, que incluíam errôneas transposições ao homem de observações feitas em animais. Esse fato, mas os preconceitos morais e religiosos que consideravam sacrílega a dissecação de cadáveres, retardaram o aparecimento de uma anatomia científica. Os grandes progressos da medicina árabe não incluíram a anatomia prática, também por questões religiosas. As numerosas informações do “Cânon de Medicina”, de Avicena, por exemplo, referem-se apenas à anatomia de animais.No século IX, o estudo do corpo humano voltou a interessar os sábios, graças à escola de médica de Salerno, na Itália, e à obra de Constantino, o Africano, que traduziu do árabe para o latim numerosos textos médicos gregos. Logo depois, Guglielmo de Saliceto, Rolando de Parma e outros médicos medievais enfatizaram a afirmação de Galeno segundo a qual o conhecimento anatômico era importante para o exercício da cirurgia: “Pela ignorância da anatomia, pode-se ser tímido demais em operações seguras ou temerário e audaz em operações difíceis e incertas”.O clima geral do Renascimento favoreceu o progresso dos estudos anatômicos. A descoberta de textos gregos sobre o assunto, e a influência dos pensadores humanistas, levou a Igreja a ser mais condescendente com a dissecação de cadáveres. Artistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael mostraram grande interesse sobre a estrutura do corpo humano. Leonardo dissecou, talvez, meia dúzia de cadáveres. O maior anatomista da época foi o médico flamengo André Vesalius, cujo nome real era Andreas Vesaliusum dos maiores contestadores da obscurantista tradição de Galeno. Dissecou cadáveres durante anos, em Pádua, e descreveu detalhadamente suas descobertas. Seu “De Humani Corporis Fabrica”, publicado em Basiléia em 1543, foi o primeiro texto anatômico baseado na observação direta do corpo humano e não no livro de Galeno. Este método de pesquisa lhe dava muita autoridade e, não obstante as duras polêmicas que precisou enfrentar, seus ensinamentos suscitaram a atenção de médicos, artistas e estudiosos. Entretanto, provavelmente as técnicas de dissecação e preservação das peças anatomicas da época não permitiam um processo mais detalhado e minucioso, incorrendo Vesalius em alguns erros, talvez pela necessidade de dissecções mais rápidas. Entre seus discípulos, continuadores de sua obra, estão Gabriele Fallopio, célebre por seus estudos sobre órgãos genitais, tímpanos e músculos dos olhos, e Fabrizio d’Acquapendente, que fez construir o Teatro Anatômico, em Pádua (onde lecionou por cinqüenta anos). A D’Acquapendente se deve, ainda, a exata descrição das válvulas das veias.
Embora saibamos da tamanha importância que a dissecação anatômica humana representa no estudo médico, muitos cursos de medicina diminuíram drásticamente o número de horas curriculares para o ato, afim de ceder espaço para excessiva quantidade de ciências novas que se desenvoleram.
O direito de dissecar o corpo humano foi conseguido depois de muitos anos de luta e preconceito ignorante, hoje o que podemos analisar é que a técnica só pode vir pra nos acrescentar e tornar muito mais fácil a descoberta e aprendizado pela maquinaria humana, não podemos instinguir o que por séculos foi batalhado, como se não tivesse nenhuma importância para o apredizado médico, o que se descobre com o ambiente, instrumentos, técnica, professores e colegas nos laboratórios é muito melhor fixado pelo aluno, sem mencionar a experiência e os sentimentos de descobertas provocado em nós pelas circusntâncias, durante um ano tivemos o privilégio de desfrutar da técnica de dissecação, a qual sem sombra de dúvidas nos acrescentou quase que total conhecimento anatômico, não sairemos daqui os melhores dissecadores e muito menos os melhores cirurgiões, mas saberemos que o nosso compromisso com o paciente e respeito começam aqui, desde o cadáver, para que se chegue ao vivo, o sentimento amplo vivenciado aqui, talvez a maioria dos futuros estudantes não tenham infelizmente o prazer de vivenciar, pois cada vez mais no Brasil se ver a dificuldade de adquirir cadaveres nas faculdades, mas saberemos que aqui fizemos o que Alcméon, Galeno, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael fariam, aproveitaram a maior oportunidade de suas vidas, pois imaginamos a sorte que não seria conseguir-se um corpo para os antigos anatomistas.
Então hoje aqui temos a convicção de que honramos a grandes anatomistas e respeitamos o corpo da mesa de dissecação que é todo remanescente corpóreo do que foi, uma vez, um ser humano, cheio de vida.